Proposta do Executivo para rever o sistema de avaliação de desempenho na Administração Pública, que ditará uma aceleração das progressões na carreira, não convenceu os sindicatos.
O Governo apresentou esta segunda-feira aos sindicatos da Administração Pública (AP) uma proposta de revisão do sistema de avaliação de desempenho da função pública (SIADAP e regimes adaptados), que visa acelerar a progressão na carreira para cerca de 485 mil trabalhadores da AP. Mas não conseguiu convencer os representantes dos trabalhadores. No final das reuniões com a secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, os sindicatos uniram-se nas críticas. E esperam avanços nas propostas do Governo para a próxima reunião, prevista para setembro.
“Temos muito trabalho pela frente”, disse ao Expresso Helena Rodrigues, presidente do STE (afeto à UGT). A sindicalista concretizou, frisando que “a proposta de redução de pontos necessários para avançar uma posição na carreira é insuficiente” e que “o Governo deve ir mais longe no alargamento das quotas” na avaliação de desempenho.
Recorde-se que a proposta do Governo prevê que passe a ser preciso acumular apenas oito pontos na avaliação de desempenho para avançar uma posição na carreira – com correspondente valorização salarial – em vez dos atuais 10 pontos.
Ao mesmo tempo, o Governo avança com alterações na escala de notas nessa avaliação, criando uma nova classificação de bom, a que corresponde 1,5 pontos por ano. Os excelentes mantêm os três pontos por ano, os muito bons (anteriores relevantes) continuam a receber dois pontos e os regulares (anteriores adequados) acumulam um ponto por ano.
Por fim, o Governo propõe alargar de 25% para 50% a parcela de trabalhadores que podem ter mais do que um ponto por ano na avaliação de desempenho. Essa fatia reparte-se entre 25% do total com uma classificação máxima de bom, e os outros 25% que podem ter classificação de muito bom. É desta última fatia de 25% que saem 5% de excelentes.
Também José Abraão, dirigente da FESAP (afeta à UGT), aponta baterias à questão das quotas na avaliação de desempenho. “Não há uma alteração de modelo de avaliação. É apenas uma revisão, mantendo-se o problema das quotas, embora haja alterações”, destaca. E vinca que “metade dos trabalhadores só poderão ter classificação de regular, continuando a não ter possibilidade de chegar ao topo da respetiva carreira”.
“É um remendo que não trata das questões essenciais: o reconhecimento do mérito a quem o tem, porque se mantém o sistema de quotas”, considera José Abraão, lembrando que a quota prevista no sistema de avaliação para trabalhadores considerados relevantes – agora designados muito bons – e excelentes “não terá qualquer alteração”. Apesar de considerar que “o que está em cima da mesa é melhor do que o que atualmente temos”, o sindicalista alerta que “fica muito aquém da expetativa criada nos trabalhadores”.
Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum (afeta à CGTP) reforça as críticas, considerando que com esta proposta “o Governo não tem vontade alguma de resolver o problema de fundo do SIADAP, e que é servir apenas para estagnar as progressões dos trabalhadores”.
Apontando baterias ao regime de quotas na avaliação de desempenho, o sindicalista lembra que em carreiras como a dos técnicos superiores, “tínhamos 75% dos trabalhadores, que demorariam 120 anos anos a chegar ao topo”.
Agora, “passariam a ser 50% e demorariam 86 anos”. A conclusão é clara para Sebastião Santana: “Apesar de ser um avanço matemático, não tem reflexos práticos na vida de muitos trabalhadores”. E remata: “A maioria dos trabalhadores continuará a subir apenas quatro ou cinco posições numa vida inteira de trabalho”.
Sónia M. Lourenço – expresso.pt/economia
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |